Após-tolos

Sentir no tempo
Atrás dos muros
Um mundo fechado
Oculto na sombra de tantos dias

Descobrir nos minutos
A eternidade que queremos
No infinito do que perdemos

Buscar vida
Dentro de alguém
Procurar razão
Dentro de nós

Num dia deserto
Pelas ruas cálidas
Sentir-se só
Voar

Nascer
Com o além refletido nos olhos
Do horizonte perdido do amanhã
Do horizonte perdido do amanhã

Morrer
Bebendo as lágrimas da noite
Escorridas nas vidraças fechadas
Deste espaço aberto

Agarrar esse céu,
Esse chão
Pisar
Esse chão
Pisar

Abraçar
Uma mentira
Rasgar
Um olhar de papelão
e ver o sol,
morrer numa cova
Uma mentira
Rasgar
Um olhar de papelão
e ver o sol,
morrer numa cova
Créditos das imagens, na ordem em que aparecem:
Ray Wise
Ray Wise
Poema:
Ana Lucia (1980)
Discover the playlist Após-tolos with Nina Simone
4 comentários:
Elsa, espero que a sua estada nesse deserto vermelho chamado Brasília seja breve e que você possa voltar para o oásis do teu lar, onde o Filósofo e a nossa filha felina a aguardam. Acho, pelo poema, que você está triste. Assim como eu.
Beijos
Filósofo
Filósofo, o poema é de 1982...
Saudades sim, tristeza não, ainda mais porque os reencontros são sempre muito bons!
Beijos da sua Elsa Candanga
Aninha
Que tal, hem? A cada dia se descobre uma nova faceta da Ana - agora a poeta!
Parabéns.
Ivo
Ivinho,
Gostou? É do tempo que eu escrevia...
Hoje em dia, quando o Alzheimer permite, eu só lembro...
Beijos
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