sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A Beleza de O Concerto



Há 30 anos atrás,
o grande maestro Andrei Filipov,
da Orquestra Sinfônica do Bolshoi,
caiu em desgraça por defender
os músicos judeus da sua orquestra,
e em plena apresentação 
do Concerto No 1 para Violino e
Orquestra de Tchaikovsky,
com o Bolshoi lotado e
na frente do público e da imprensa do
mundo todo, ele foi expulso e humilhado, 
pelos homens da KGB, por ordens
diretas do Camarada Lênin.


Hoje faxineiro do Bolshoi,
proibido de assistir aos ensaios
da orquestra (que ele considera péssima),
mas que insiste em reger mentalmente
e às escondidas, e recuperado de
anos de alcoolismo e auto-flagelação,
Andrei intercepta um convite enviado
pelo Le Chatelet de Paris para que o
Bolshoi lá se apresente.

Num gesto de louca esperança e 
resgate, o maestro decide remontar a sua
orquestra, se fazer passar pelo Bolshoi,
e apresentar em Paris o Concerto que
ele foi impedido de  terminar de reger.

Para tanto, contando com a ajuda do
melhor amigo Sasha e convidando seu algoz,
e ex diretor do Bolshoi na época em que
era O Maestro para ser o empresário da
"orquestra", reúne novamente os
músicos que hoje exercem as mais diferentes 
atividades ( motorista de ambulância,
dubladores de filme pornográfico,
músicos de casamento, vendedores,
transportadores de mudanças, etc), 
formando uma verdadeira orquestra de
Brancaleone, altamente desafinada,
despreparada e pobre,  interessada somente
em tirar proveito da viagem,das
refeições e passeios grátis que a 
aventura lhes proporcionará.

E é assim que o cineasta
romeno Radu Mihaileanu dá início
a uma louca, divertida e satírica empreitada,
em que o humor e o imponderável estão a serviço 
do sarcasmo social, em que o grande
Maestro rege sua própria identidade
européia, fragmentada, multifacetada,
mas com garra e talento suficentes
para criar a verdadeira união na busca da
harmonia perfeita, e que talvez
traga benefícios a todas essas
pequenas e enraizadas culturas que 
formam a Europa e que encontra na
perfeita sintonia obtida na execução
do Concerto, sua mais fiel analogia.

Passados os primeiros momentos de comédia
em que as tintas são exageradas , mostrando
os eslavos como um bando de desorganizados,
irresponsáveis e perdedores, Mihaileanu
revela toda a beleza e poder de recuperação
deste povo que durante tantos anos 
foi ridicularizado pela cultura e a mídia  Ocidental.

O Concerto é um verdadeiro resgate da dignidade
russa pós-esfacelamento da União Soviética,
com um humor encantador, com ritmo de comédia
e final emocionante, embora previsível.

Foi indicado para 4 prêmios César,
ganhou som e trilha sonora,e ao Globo
de Ouro de melhor filme de língua estrangeira.



Créditos:


4 comentários:

Panda Lemon disse...

que delícia, Ana, vou assistir e recomendar. Estou fazendo uma aula de História Europeia e estamos justamente discutindo a decadência de impérios europeus e como isso se refletiu nas mais variadas manifestações musicais e artísticas... obrigada pela dica!
Bjos

Ana Balbinot disse...

Espero que você goste, Xanda, nós adoramos! Hoje assistimos O Trem da Vida, do mesmo diretor. Muito bom também, mas não tanto quanto O Concerto. Depois me conte o que achou!
Beijos

Anônimo disse...

Linda postagem Balbi....bjo grande Flower

Ana Balbinot disse...

Flower, que bom que você gostou da postagem, afinal eu AMEI a super dica do filme, que você deu!
Beijo