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Em 1855, John Roebling começou projetar uma ponte que seria a ponte suspensa mais longa do mundo, com as torres que seriam as estruturas mais altas no hemisfério ocidental: a ponte de Brooklyn em New York. Hoje, a ponte de Brooklyn é um dos cruzamentos principais do East River e uma das pontes mais pesadamente trafegadas do mundo. Mas no fim do século dezenove, só para convencer a cidade da necessidade construção da ponte, levou mais de 14 anos. Depois que obteve a aprovaçã0, Roebling examinava o local da construção quando seu pé foi esmagado por uma balsa. Três semanas antes de iniciar a construção , morreu de tétano. Seu filho, Washington Roebling tomou o projeto e em 1872, ao trabalhar nos ajustes da fundação para as torres, caiu doente com a doença da descompressã0, o que o deixou mal capaz de ver, falar, ou escrever. Sua esposa, Emily Warren Roebling, por nove anos foi ao local das obras entregar coordenadas do seu marido. Washington conseguia acompanhar a construção de dentro do seu quarto, usando binóculos.Quando a ponte de Brooklyn foi aberta, Emily foi honrada com o primeiro passeio sobre a ponte, e na ocasião, prendeu um galo, um símbolo da vitória, em seu colo. Entretanto, as pessoas ainda não acreditavam que a ponte era segura e que suportaria o peso dos automóveis sobre ela. Para provar a segurança da ponte, o casal arranjou a passagem de uma manada de elefantes sobre ela. Washington morreu em 1926 e teve raras oportunidades de passar pela ponte. Uma observação interessante sobre a ponte de Brooklyn: resistiu ao tráfego, ao peso e ao tempo , enquanto outras pontes construídas na mesma época se desintegraram. Crédito a Roebling pelo projeto capaz de suportar uma carga 6 vezes maior do que necessário à época.
A ponte Navajo atravessa o canion do rio Colorado , no estado do Arizona. Por aproximadamente 1000 Km ,a ponte é a única passagem cruzando o rio e o canion.

A ponte de ferro não é particularmente grande ou ornamentada, mas tem algo que a fez original: é a primeira ponte feita completamente de ferro. No século XVIII, Shropshire era muito rica em ferro e carvão - certamente havia mais fábricas do ferro dentro do raio de duas milhas da cidade do que em qualquer outra cidade no mundo. Assim era natural que a ponte fosse feita toda em ferro, um material mais forte e resistente que a tradicional madeira. O arquiteto Thomas Farnolls Pritchard propôs uma única ponte em arco , que permitisse a passagem de barcos, mas ele morreu antes que a ponte fosse construída. (Observe o arco perfeito que a ponte forma com o seu reflexo na água)A construção da ponte do ferro foi realizada por um mestre-ferreiro local chamado Abraham Darby III. Aproximadamente 400 toneladas de ferro foram usadas na construção da ponte que tem 5 reforços em arco, cada um deles feito em duas partes que levaram apenas 3 meses para serem unidas com parafusos. A facilidade e velocidade da construção da ponte, ajudou a convencer as pessoas da versatilidade e da força do ferro, em plena Revolução Industrial. O custo, no entanto, foi bem maior do que o estimado por Darby, o que causou a sua falência e o arruinou financeiramente, ficando com dívidas enormes até a sua morte.
Finalizada em 2007 com 22.4 milhas de comprimento, a ponte da baía de Hangzhou liga as províncias de Shanghai e Ningbo , e foi aberta ao público em Maio de 2008. É a ponte mais longa do mundo sobre o mar, com 36 km de extensão e custou U$ 1.7 bilhões. Espera-se que tenha 100 anos de vida útil e encurta a viagem entre Xangai e Ningbo em 120 km.
A construção da ponte San Diego-Coronade terminou em 1969 a um custo de U$ 47,6 milhões. Caracterizada por uma curva em 90° em 3.440m, e construida a uma altura máxima de 61m, permite que não apenas as embarcações passem sob ela, como até mesmo um porta-aviões vazio. Tem o título infeliz de ponte dos suicídios, por ter sido o palco de mais de 200 suicídios entre 1972 e 2000, perdendo apenas para a Golden Gate ( número 1) e a George Washington Memorial Bridge (Ponte Aurora) que é a número 2 em suicídos no país.
A construção da ponte começou em 1931, dedicada ao aniversário de 200 anos de George Washington. Aberta ao tráfego em fevereiro de 1932, faz parte da antiga Pacific Highway, hoje Route 99, que vai do Canadá ao México. A ponte atravessa o Lago Union, parte do Lago Washington, e, por sua altura não foi necessário fazê-la levadiça. Foi projetada por um escritório de arquitetura de Seatle, Jacobs & Ober, com Ralph Ober sendo o engenheiro responsável pelo projeto. Ober morreu em Agosto de 1931 de hemorragia cerebral, enquanto a ponte ainda estava em construção. Nomeada para o Registro Nacional de Locais Históricos em Janeiro de 1980, por sua funcionalidade e estética, e por ter sido a primeira ponte construida na região que não tinha tráfego de bondes. Com a queda da I-35 em Agosto de 2007, O Departamento de Transportes de Washington realizou todos os testes e controles do aço das pontes do estado, inclusive na ponte Aurora, que foi certificada como estruturalmente sólida e sem deficiências detectáveis. Por sua altura e acesso a pedestres, tornou-se um local popular para suicídios, tendo o primeiro ocorrido em Janeiro de 1932, quando um vendedor de calçados atirou-se dela antes mesmo da obra estar concluida. Inúmeros relatórios foram escritos sobre a alta incidência de suicídio na ponte, muitos deles usando a ponte como estudo de caso em áreas que vão desde a prevenção ao suicídio até os efeitos do atendimento pré-hospitalar às vítimas de trauma.
Ponte dos jardins de Cezanne, em Les Lauves, onde o pintor morou nos últimos anos de sua vida. Não é esta a ponte de Maincy, uma das suas obras mais famosas e que está hoje no Museu do Louvre, mas eu adorei a imagem desta ponte, tão solitária e frágil quanto Cezanne...
Le Pont de Maincy, 1879
Tanque das Ninféias
"A grandeza do homem consiste em que ele é uma ponte e não um fim; o que nos pode agradar no homem é ele ser transição e queda."
Em 17 de Janeiro de 1881, John e Benjamin Bear propuseram ao Conselho de Woolwich, a construção de uma ponte coberta, o que foi aceito, e os irmãos, com experiência na construção de celeiros, construíram , por U$ 3.557,65 a Montrose Covered Bridge. A ponte continua no mesmo local onde foi construida, e embora tenha sido reformada várias vezes ao longo do tempo, sua aparência foi preservada. Ela é uma das mais bonitas e decorativas pontes cobertas e a última de Ontário. Diz a lenda local que o pedágio para passar por ela era cobrado em beijo...So romantic!
É engraçado pensar em um congestionamento ancestral, mas foi exatamente por isso que a Torre de Londres foi construída. Lá pelo fim do século 19, o desenvolvimento da zona oriental
A Ponte do Gard foi construída pouco antes da era cristã para permitir que o aqueduto de Nîmes (que tem quase 50 km de comprimento) atravessasse o rio Gard. Os arquitetos romanos engenheiros hidráulicos que projetaram a ponte, com cerca de 50 m de altura e três níveis sendo o maior com 275 m , criaram uma verdadeira obra de arte utsando técnicas prá lá de avançadas para a época.
Le Viaduc de Millau
França
O Viaduto de Millau é uma grande ponte suspensa por cabos, que facilita a travessia do vale do Rio Tarn, próximo a Millau , no sudoeste da França. Projetada pelo arquiteto inglês Norman Foster e pelo engenheiro francês, especializado em pontes, Michel Virlogeux, é a mais alta ponte aberta ao tráfego de veículos do mundo, com 343 metros de altura. Inaugurada em 14 de Dezembro de 2004, foi aberta ao tráfego dois dias depois.
Khaju Bridge ( em persa, پل خواجو pol-e khajoo) é uma das mais famosas pontes em Isfahan, Irã, e tem atraído a admiração de viajantes desde o século 17. Shah Abbas II a construiu sobre as fundações de uma ponte do século 16. Ela tem 23 arcos e 150 m de comprimento e 14 m de largura. Faz a ligação entre Khaju , na margem norte com Zoroastrian através do Rio Zayandeh. Funciona também como um açude, com uma série de portões que transportam a água a um nível inferior, regulando o fluxo de água do rio. As pedras usadas na ponte têm mais de 2m de comprimento e a largura dos canais da base é de 20m. Inscrições indicam que foi reformada em 1873. Sobre o nível superior da ponte, as principais gôndolas centrais eram usadas por cavalos e carroças e os caminhos abobadados em ambos os lados, por pedestres.
Uma das estruturas mais reconhecidas em todo o mundo, a Ponte Golden Gate foi a ponte mais comprida durante 27 anos depois de ter sido concluída em 1937. É uma ponte suspensa ancorada pela gravidade, com 1.280 metros de água passando por baixo de duas vigas de balanço de aço.
A Gateshead Millennium Bridge é uma ponte para pedestres e ciclistas e a primeira ponte inclinável do mundo, sobre o rio Tyne, entre Gateshead e Newcastle, na margem norte do rio. A premiada estrutura foi projetada pelo arquiteto Wilkinson Eyre e o engenheiro estrutural Gifford.
Embora não seja a mais longa nem a mais larga do mundo, a Ponte de Bósforo, na Turquia, é famosa por ligar dois continentes: Europa e Ásia . Sua construção foi terminada em 1973 e em 2005 os tenistas Venus Williams e Ipek Senoglu jogaram uma partida de 5 min sobre a ponte. Foi a primeira partida de tênis jogada em dois continentes, com cada jogador em um continente...
Inaugurada em 1998, a ponte Akashi- Kaikyo no Japão, é a mãe de todas as pontes suspensas, com 3.911 m de comprimento total e 1.911 m de vão central, é a ponte com o maior vão do mundo, superando o recorde anterior, que era da Great Belt East, na Dinamarca.
Possivelmente uma das mais azaradas pontes do mundo por ter sido inúmeras vezes destruída por inundações e furacões, Kintaikyo foi primeiramente construida na cidade de Iwakuni, em 1673, por ordem do Senhor Feudal Lorde Kikkawa, e era usada somente pelos samurais.Está entre as mais famosas do Japão e uma das mais belas do mundo. Nem um único prego foi utilizado na sua construção e em sua extensão , 210 metros de comprimento, 5 metros de largura , estão as cinco pontes de madeira em arco, que permaneceram intactas até 1950, quando um tufão destruiu toda a ponte, que foi reconstruida 3 anos depois e até hoje é usada.
Ponte de Niejmegen, em Setembro de 1944
- É claro que amanhã fará um dia bonito - disse a Sra. Ramsay. - Mas vocês terão que madrugar - acrescentou. Essas palavras trouxeram uma extraordinária alegria a seu filho, como se a excursão já estivesse definitivamente marcada. Após a escuridão de uma noite e a travessia de um dia, o desejo - por tantos anos aspirado - era agora tangível.
James Ramsay, sentado no chão, enquanto a mãe falava, recortava gravuras do catálogo das Lojas do Exército e da Marinha. Mesmo aos seis anos de idade, pertencia ao número daqueles que não conseguem separar um sentimento do outro, mas, ao contrário, deixam que as expectativas futuras - com suas alegrias e tristezas - toldem o que no momento está ao alcance da mão. Para tais pessoas, ainda na mais tenra idade, qualquer oscilação de sensações tem o poder de cristalizar e fixar o momento em que repousam, misturadas, alegria e tristeza: assim é que James Ramsay emprestava à fotografia de uma geladeira uma felicidade beatífica. Cercava-a de alegria. O carrinho de mão, o cortador de grama, o som dos álamos, folhas branqueando antes da chuva, gralhas grasnando, o raspar de vassouras, vestidos roçando - tudo isso era tão colorido e distinto em sua mente que ele já tinha seu código particular, sua linguagem secreta, embora fosse a imagem da mais pura e inflexível severidade: testa alta, arrogantes olhos azuis, impecavelmente cândido, recriminativo ao deparar com alguma fraqueza humana. Observando-o assim a guiar a tesoura com precisão em torno da geladeira, sua mãe imaginou-o num tribunal com uma rútila toga de arminho, ou talvez dirigindo uma empresa durante uma crise financeira.
- Mas o dia não ficará bom - disse o pai, parando em frente à janela da sala de visitas. Se houvesse um machado, um atiçador, ou qualquer outra arma à mão que abrisse uma fenda no peito do pai e por onde a vida se escoasse, James a teria empunhado naquele instante. Tais eram os extremos de emoção que o Sr. Ramsay despertava no íntimo dos filhos, apenas com sua presença. Ali estava: de pé, o perfil agudo como uma faca e estreito como sua lâmina, sorrindo sarcasticamente - não apenas pelo prazer de desiludir o filho e lançar sua mulher (que era mil vezes melhor do que ele, pensou James) no ridículo, mas sobretudo por causa da certeza íntima que tinha da exatidão de seus julgamentos. O que ele dizia era verdade.
Era incapaz de mentir: nunca interferia em alguma coisa ou se pronunciava de modo a dar um pouco de prazer a qualquer mortal, e muito menos a seus filhos, que, desde a infância, ficavam sabendo que a vida é árdua, os fatos inflexíveis, e que a passagem para essa terra fabulosa onde nossas esperanças mais brilhantes se extinguem e nossas frágeis críticas malogram na escuridão exige, acima de tudo - concluiria o Sr. Ramsay, empertigando-se e franzindo os olhos azuis na direção do horizonte -, coragem, lealdade e perseverança.
- Mas talvez fique bom, pelo menos espero - disse a Sra. Ramsay impacientemente, ao dar um ponto na meia castanha que tricotava. Se a terminasse nessa mesma noite, e afinal fossem mesmo ao Farol, seria dada ao filho do faroleiro, que estava ameaçado de tuberculose, além de uma pilha de revistas velhas e um pouco de fumo. Tudo que encontrassem atirado pelo chão, desarrumando a sala, e que realmente ninguém quisesse para si, seria dado àquela pobre gente que devia morrer de tédio, sentada o dia inteiro, sem nada para fazer, a não ser limpar a lâmpada, acender o lume e revolver um pequeno jardim. Faria qualquer coisa para alegrá-los, pois como poderia alguém gostar de ficar trancado um mês inteiro, num rochedo perdido no meio do mar - e ainda mais, se o tempo estivesse ruim?, perguntou-se ela. Não receber cartas ou jornais, não ver ninguém; sendo casado, não ver a mulher, não saber como estão os filhos: se adoeceram, se caíram e quebraram a perna ou o braço. Ver sempre as mesmas ondas quebrando tristemente semana após semana, interrompidas em seu ritmo monótono apenas pela tempestade que se aproxima, cobrindo as janelas de espuma, atirando os pássaros de encontro ao Farol, estremecendo tudo, impedindo as pessoas de saírem, com medo de serem varridas para o mar. Como se poderia gostar disso?, perguntou, dirigindo-se principalmente às filhas. Acrescentou, então, num tom bastante diferente, que as pessoas precisavam levar-lhes todo o conforto possível.
- É justamente o "oeste" - disse Tansley, o ateu, que compartilhava do passeio noturno do Sr. Ramsay pelo terraço, mantendo os dedos ossudos afastados para que o vento soprasse por entre eles. Isso significava que o vento soprava da pior direção possível para se atracar no Farol. Era detestável de sua parte trazer isso à baila e desapontar James ainda mais, admitiu a Sra. Ramsay. Realmente ele dizia coisas desagradáveis, mas ela não permitiria que rissem dele. "O ateu", chamavam-no, "o ateuzinho." Rose zombava dele; Prue, Andrew, Jasper, Roger também. Até o velho e desdentado Badger espicaçara-o quando Nancy dissera (segundo suas próprias palavras) que ele era o centésimo décimo jovem a persegui-las até as Hébridas, quando elas teriam preferido ficar sozinhas.
- Isso não faz sentido - disse a Sra. Ramsay com severidade. Não admitia que seus filhos, exagerados como ela mesma (que convidava pessoas demais e acabava por ter de hospedar algumas na cidade), fossem indelicados para com seus convidados, particularmente em relação aos jovens que vinham passar as férias e que eram pobres como ratos de igreja - embora "excepcionalmente capazes", como dizia seu marido com ungida admiração. Sem dúvida alguma tinha sob sua proteção a totalidade do sexo que não era o seu, por razões que não conseguia explicar: pelo cavalheirismo dos homens, seu valor, pelo fato de negociarem tratados, governarem a índia, controlarem as finanças ou, mais possivelmente, por certa atitude em relação a ela que nenhuma mulher poderia se eximir de achar agradável - algo de leal, inocente, respeitável, que, em sua idade, poderia receber de um jovem sem perder a dignidade, enquanto as jovens (rogava aos céus não se desse o mesmo com suas filhas) não viam o verdadeiro e recôndito valor disso.
Ela se voltou para Nancy, dizendo com severidade: ele não as perseguira. Fora convidado. Era preciso achar um meio de escapar a tudo aquilo. Devia haver uma forma mais simples, menos complicada, suspirou ela. Quando se olhou no espelho, viu os cabelos grisalhos, a face abatida, aos cinqüenta anos, e pensou: poderia ter conduzido melhor as coisas - seu marido, o dinheiro, os livros dele. Mas nunca se arrependeria de suas decisões, nunca fugiria das dificuldades ou se eximiria de suas obrigações. Irradiava dignidade nesse momento, e só com um rápido alçar de olhos do prato diante de si, após o silêncio que se seguiu às suas palavras sobre Charles Tansley, é que as filhas - Prue, Nancy e Rose - ousaram deleitar-se com a idéia do que imaginavam ser uma vida diferente da que tinham: talvez mais emocionante, possivelmente em Paris, sem ter de se precaver contra este ou aquele homem. Havia no pensamento de todas elas uma indizível curiosidade em relação a coisas tão diversas como cavalheirismo, o Banco da Inglaterra e o Império das índias, dedos repletos de anéis e rendas. Havia nisso, para todas elas, um pouco da essência da beleza, que enchia seus jovens corações de anseios pela masculinidade, e as fazia, enquanto se sentavam à mesa sob os olhos da mãe, respeitar a extrema severidade e cortesia com que as advertira sobre o desprezível ateu que as tinha perseguido na Ilha de Skye, ou - falando mais precisamente - fora convidado para ficar com elas. Tal advertência fora feita com a mesma dignidade com que uma rainha tiraria da lama o pé imundo de um mendigo para lavá-lo.
- Ninguém atracará no Farol amanhã - disse Charles Tansley ao Sr. Ramsay, batendo as mãos, enquanto olhava pela janela. Sem dúvida, ele já havia dito o bastante. Ela desejava que ambos deixassem James e a ela em paz, e continuassem seu passeio. Não pôde evitar olhá-lo: era um espécime tão miserável, diziam as crianças, cheio de reentrâncias e saliências. Não sabia jogar críquete, era hesitante, confundia-se. Era grosseiro e sarcástico, dizia Andrew. Sabiam do que mais gostava: andar de um lado para outro com o Sr. Ramsay, comentando quem havia ganho isto ou aquilo, quem "recitava às maravilhas" versos latinos, quem era "brilhante mas fundamentalmente doente, na minha opinião", quem era sem dúvida "o sujeito mais capaz em Balliol", mas enterrara sua inteligência em Bristol ou Bedford, estando agora, no entanto, prestes a alcançar fama, quando seus prolegômenos para um ramo da matemática ou filosofia fossem publicados. A propósito, as provas das primeiras páginas já estavam com ele, será que o Sr. Ramsay gostaria de vê-las? Era sobre isso que falavam.
Algumas vezes ela não podia deixar de rir. Há dias falara algo sobre ondas "altas como montanhas". Sim, respondera Charles Tansley, estavam um pouco agitadas. "Você não está completamente encharcado?", perguntara-lhe ela. "Só um pouco úmido, mas não muito", respondeu o Sr. Tansley apertando a camisa, tocando as meias. Mas não era bem isso que importunava as crianças, nem seu rosto ou suas maneiras: era ele mesmo, seu modo de ser interior. Quando falavam de alguma coisa interessante - sobre pessoas, música, história - ou quando comentavam que a manhã estava bonita e seria bom ficarem sentados ao ar livre, Charles Tansley não se dava por contente enquanto não mudasse completamente o rumo da conversa e os exasperasse com sua mania de esmiuçar tudo. Estava sempre falando de galerias de arte e perguntando se gostavam de sua gravata. "Só Deus sabe como sua gravata é detestável", dizia Rose.
Desaparecendo da mesa logo após a refeição, furtivos como gazelas, os oito filhos da Sra. Ramsay procuravam seus quartos - o único lugar seguro na casa em que poderiam conversar sobre qualquer coisa: a gravata de Tansley, a Carta da Reforma, aves marinhas, borboletas ou pessoas. Enquanto isso, numa dessas mansardas - separadas umas das outras por uma simples tábua que permitia ouvir cada passo ou os soluços da moça suíça que chorava pelo pai que morria de câncer num vale dos Grisons -, o sol se despejava iluminando raquetes, flanelas, chapéus de palha, tinteiros, tubos de tinta, escaravelhos e crânios de pequenos pássaros, fazendo desprender-se de longas tiras encrespadas de algas presas à parede um odor de sal e ervas: o mesmo que se desprendia das toalhas de banho carregadas de areia.
Brigas, separações, divergências de opinião e preconceitos compunham a própria tessitura do ser - oh, por que tinham de começar tão cedo, lastimava-se a Sra. Ramsay. Eram tão críticos, seus filhos. Diziam tantas tolices. Veio da sala de jantar, segurando James pela mão, pois ele não iria com os outros. Parecia-lhe tão sem nexo inventar divergências, quando as pessoas já as tinham em demasia. "As divergências reais são mais que suficientes", pensou, de pé junto à janela da sala de visitas. Nesse momento pensava nos ricos e nos pobres, nos nobres e nos plebeus: os nobres, ela os respeitava com certa relutância, pois possuía nas veias o sangue daquela nobilíssima e algo mítica casa italiana, cujas descendentes tão trêfega e encantadoramente sussurraram e saracotearam pelos salões ingleses do século XIX. Delas herdara a inteligência, a maneira de ser e o gênio: não dos vadios ingleses ou dos frios escoceses. Preocupava-se particularmente com o problema dos ricos e dos pobres: as coisas que vira pessoalmente ali e em Londres, quando visitara viúvas e esposas dedicadas, munida de uma bolsa, um caderno de notas e um lápis, apontando salários e despesas, emprego e desemprego, em colunas cuidadosamente dispostas para esse fim, na esperança de assim deixar de ser uma mulher voltada apenas para si mesma, cuja caridade era em parte um consolo para sua própria indignação, em parte um alívio para sua curiosidade - pretendendo tornar-se uma pesquisadora que explicasse o fenômeno social, coisa que, para seu espírito pouco cultivado, era objeto de vívida admiração .

Tinha que dar um recado enfadonho na cidade e uma ou duas cartas para escrever. Demoraria uns dez minutos. Iria pôr um chapéu. Passado algum tempo, ela reapareceu com uma cesta e uma sombrinha, como se estivesse preparada para uma excursão que, no entanto, interrompeu no preciso momento em que cruzavam o campo de tênis, para dirigir-se ao Sr. Carmichael - que se aquecia ao sol com seus olhos felinos entreabertos, olhos que pareciam refletir o movimento dos ramos e o passar das nuvens, sem, contudo, dar qualquer sinal da existência de pensamentos ou emoções. Perguntou-lhe se queria alguma coisa.
Estavam fazendo uma grande expedição - disse ela, rindo. Iam à cidade. - Selos, papel de carta, fumo?, sugeriu, parando a seu lado. Não, ele não queria nada. Suas mãos entrelaçavam-se sobre a vasta barriga. Os olhos pestanejaram como se quisesse agradecer amavelmente essas gentilezas (ela estava sedutora, apesar de um pouco nervosa). Mas não pôde, submerso numa sonolência cinzento-esverdeada que os envolvia a todos, sem necessidade de palavras, numa vasta e bondosa letargia carregada de benevolência: toda a casa, o mundo e as pessoas que o habitavam. Ele pusera umas gotas de alguma coisa em seu copo no almoço - pensavam as crianças, devido às vivas listras amarelo-canário nas barbas e bigodes, que normalmente seriam branco-leitosos. Não, não queria nada - murmurou finalmente
Poderia ter sido um grande filósofo - disse a Sra. Ramsay, enquanto desciam a estrada em direção à vila de pescadores -, mas fizera um mau casamento. Segurando sua sombrinha com muito aprumo e andando com um ar de indescritível expectativa - como se fosse encontrar alguém na primeira esquina - contou a história: uma paixão em Oxford por uma moça, um casamento prematuro, a pobreza, uma viagem à Índia, algumas traduções de poemas - "belíssimas em minha opinião" -, a vontade de ensinar persa ou hindustani às crianças (mas qual a utilidade disso?). E agora se deixava ficar deitado na grama - como tinham visto. Charles Tansley sentiu-se lisonjeado. Maltratado como sempre fora, agradou-lhe que a Sra. Ramsay lhe contasse isso. As insinuações que ela fazia sobre a grandeza da inteligência masculina - mesmo na sua decadência -, sobre a submissão de todas as esposas aos trabalhos de seus maridos (não que ela culpasse aquela moça, pois o casamento não fora de todo mau), fizeram-no sentir-se bem como nunca. Gostaria, se tomasse um táxi, por exemplo, de pagar a corrida. Quanto à sua sacola, não poderia carregá-la? Não, não - respondeu -, sempre a carregava ela mesma. E foi isso o que ela fez. Sim, isso e muitas outras coisas - particularmente algo que o exaltava e perturbava por razões que não saberia dizer. 
Gostaria que o visse de bata e capuz, andando numa procissão. Uma colegiatura, um professorado - sentia-se capaz de qualquer coisa e imaginava-se... mas o que estava ela olhando? Um homem colando um cartaz. A enorme folha de papel pendente alisava-se, e cada golpe da brocha revelava pernas, arcos, cavalos, brilhantes tonalidades de verde e vermelho lindamente suaves - até que metade do muro ficou coberta com o anúncio de um circo: uma centena de homens a cavalo, vinte focas amestradas, tigres. Esticando o pescoço, pois era míope, ela leu:... "visitará esta cidade." Era um trabalho terrivelmente perigoso um homem com um só braço subir ao topo de uma escada assim - exclamou. O braço esquerdo daquele ali fora cortado por uma ceifeira dois anos atrás. 




Ali estava ele de pé, na sala da casinha acanhada onde ela o trouxera, esperando-a, enquanto ia um instante ao segundo andar ver uma mulher. Ouvia seu passo rápido em cima; ouvia sua voz alegre e logo depois baixa. Olhou os guardanapos e caixas de chá, e as sombras dos globos, enquanto esperava bastante impaciente, ansioso por voltar para casa e decidido a levar a sacola dela. Então ouviu-a sair; fechar a porta; dizer que deveriam manter as janelas abertas e as portas fechadas (devia estar falando com uma criança). De repente, surgiu, parando por um instante em silêncio (como se tivesse ficado representando lá em cima, e por um momento permanecesse parada agora, quase imóvel, diante do quadro da Rainha Vitória, com a Ordem Azul da Jarreteira). De repente, descobriu: era a pessoa mais bela que conhecera.
Com estrelas nos olhos e véus no cabelo, com ciclamens e violetas selvagens - mas em que despropósito estava pensando? Tinha no mínimo cinqüenta anos e oito filhos. Caminhando por campos floridos e levando ao peito botões esmagados e carneiros caídos; com estrelas nos olhos e o vento no cabelo - ele segurou sua sacola. 
- Adeus, Elsie - disse ela, e subiram a rua, ela segurando a sombrinha, muito aprumada, andando como se esperasse encontrar alguém na próxima esquina. Pela primeira vez em sua vida, Charles Tansley sentiu um orgulho extraordinário; um homem escavando num bueiro parou de cavar e olhou-a; deixou o braço tombar e olhou-a. Charles Tansley sentiu um orgulho extraordinário; sentiu o vento, os ciclamens e as violetas, pois andava com uma mulher bela pela primeira vez em sua vida. Segurou sua sacola.
